sábado, 23 de maio de 2020

Rede pública do Ceará mantém uso de medicamento contra Covid-19 apenas em casos graves, mesmo com mudança em protocolo

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) informou que não deve mudar o protocolo de uso da cloroquina contra a Covid-19 no estado, mesmo após nova recomendação do Ministério da Saúde (MS). Com isso, os hospitais públicos cearenses seguirão utilizando a medicação somente em casos graves, no "estágio 3 de internação hospitalar", seguindo o protocolo elaborado e publicado, no dia 10 de abril, pela Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE) e Centro de Inteligência em Saúde do Ceará.

Apesar disso, o secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, afirmou nesta sexta-feira (22) que ainda avalia a retirada da cloroquina inclusive para pacientes mais graves. Sem definir data, Cabeto afirmou que ainda irá se reunir com uma equipe científica para discutir uma possível mudança.


A nova orientação foi publicada pelo Ministério da Saúde na quarta-feira (20). O presidente Jair Bolsonaro defende o uso da cloroquina no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. Apesar disso, não há comprovação científica de que esse remédio seja capaz de curar a Covid-19. Estudos internacionais não encontraram eficácia no medicamento, e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda a utilização. O protocolo da cloroquina foi motivo de atrito entre Bolsonaro e os últimos dois ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. No intervalo de menos de um mês, os dois deixaram o governo.

De acordo com a Secretaria da Saúde do Ceará, os hospitais do estado seguem com o uso de dois medicamentos associados (azitromicina e prednisona) em pacientes que apresentem sintomas leves da Covid-19 há pelo menos cinco dias, não apresentem melhora satisfatória e não precisem ser internados. Portando, conforme a pasta, a prescrição de cloroquina e hidrocloroquina na atenção primária não está prevista nas recomendações.

O secretário da Saúde do Ceará disse, nesta sexta, que a medicação não deve ser inserida na fase inicial na rede pública do estado. "Não é possível colocar isso como protocolo, muito menos na fase inicial da doença, que, essa sim, não tem nenhum indício científico. A Secretaria de Saúde vai agir como deve, respeitar o direito de quem quer prescrever e quem assume o ato da prescrição, mas a secretaria não pode recomendar uso de qualquer medicação", afirmou.

A prescrição, conforme o secretário, deverá ser feita por decisão do médico com o paciente e com familiares, com a devida explicação sobre possíveis efeitos colaterais e obrigatoriamente com obtenção de termo de consentimento.


Novo protocolo inclui cloroquina no tratamento de pacientes com a covid-19

A Secretaria alerta, ainda, que o uso da cloroquina deve ser sempre discutido com o médico, pois "se trata de medicamento com possíveis efeitos colaterais". O tratamento domiciliar e a automedicação não são indicados pelo órgão.

"É importante ressaltar que não existem evidências científicas disponíveis sobre a utilização das substâncias de forma profilática. Portanto, a cloroquina ou hidroxicloroquina não devem ser usadas com o fim de evitar Covid-19", disse a Sesa, por meio do protocolo para uso da medicação.

Nova recomendação do MS

Na quarta (20), o Ministério da Saúde emitiu uma nova orientação que libera o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina no Sistema Único de Saúde (SUS) até para casos leves de Covid-19. Até então, o protocolo previa os remédios apenas para os casos graves. (Veja na reportagem abaixo)

Além de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, nesta sexta, governo também exonerou o secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde, Antonio Carlos Campos de Carvalho. Carvalho, que ficou no cargo por 18 dias desde sua nomeação, havia declarado que era contra o novo protocolo para uso da cloroquina em pacientes com primeiros sintomas de Covid-19.


Ministério da Saúde libera uso da cloroquina no SUS para casos leves de Covid-19

No novo protocolo divulgado pelo Ministério da Saúde, não aparece assinatura de nenhuma autoridade

O texto mantém a necessidade de o paciente autorizar o uso da medicação e de o médico decidir sobre a aplicar ou não o remédio. A cloroquina não está disponível para a população em geral.

O documento afirma ainda que o paciente deve saber que a cloroquina pode causar efeitos colaterais que podem levar à "disfunção grave de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente, e até ao óbito".

Contraponto

O diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, disse na quarta-feira, que a cloroquina e a hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais e que não têm eficácia comprovada no tratamento da Covid-19. Ele também afirmou que as substâncias só devem ser usadas contra a Covid-19 em ensaios clínicos.

"Todas as nações, particularmente aquelas com autoridades reguladoras, estão em posição de aconselhar seus cidadãos sobre o uso de qualquer droga. Entretanto, sobre a hidroxicloroquina e a cloroquina, que já são licenciadas para muitas doenças, eu diria que, até esse estágio, nem a cloroquina nem a hidroxicloroquina têm sido efetivas no tratamento da Covid-19 ou nas profilaxias contra a infecção pela doença. Na verdade, é o oposto", disse Ryan.


OMS diz que não há indicação de que cloroquina seja eficaz no combate à Covid-19

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por exemplo, emitiu uma nota técnica com orientações sobre a aplicação do medicamento para infectados com novo coronavírus. Em recomendação geral, cita que "é necessário gerar evidências sobre a segurança e eficácia da cloroquina para tratar pacientes infectados com o SARS-CoV-2, agente etiológico da Covid-19".

FONTE:G1/CE

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