A oposição recorreu ontem ao Supremo para garantir a criação de uma CPI exclusiva da Petrobras no Senado.Brasília. Sob protestos da oposição, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou para hoje às 9 horas a votação do recurso que analisa a abrangência da CPI da Petrobras. A reunião foi suspensa pelo presidente do colegiado, Vital do Rêgo (PMDB-PB), por causa da abertura da pauta de votações do plenário.
Apenas o relator do recurso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), votou, concordando com o pedido dos governistas de se fazer uma CPI "ampliada" da Petrobras. Mas, embora tenha defendido a instalação imediata da comissão, sugeriu no parecer que o Senado consulte o Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito do alcance da CPI.
A pauta de votações do plenário - chamada de ordem do dia - começou ontem mais cedo do que de hábito para a gestão de Renan Calheiros (PMDB-AL). Comumente, o presidente da Casa abre as sessões por volta das 17h30. Na semana passada, a senadora e ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) impugnou a abrangência do pedido de CPI apresentado pela oposição, que previa a apuração de quatro fatos que envolviam a Petrobras.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), por sua vez, questionou o pedido de CPI proposto pela base aliada, que abarca, além dos pedidos da CPI da oposição, fatos ligados aos governos do PSDB de Aécio Neves (Minas Gerais) e ao PSB de Eduardo Campos (Pernambuco), prováveis adversários de Dilma em outubro. Renan Calheiros rejeitou os dois pedidos, mas mandou sua decisão para ser avaliada pela CCJ.
A oposição, que recorreu ontem ao Supremo para garantir a criação de uma CPI exclusiva da Petrobras no Senado, protestou contra o voto de Romero Jucá.
O pré-candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG), defendeu que, se a decisão "equivocada" do presidente do Senado for aceita, a maioria vai poder pedir a criação de CPI com até 80 temas. Para ele, o Congresso está diante da "ditadura da maioria".
Parecer
Único da base aliada a falar na sessão da CCJ antes da suspensão da reunião, o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), elogiou o parecer de Jucá. Para ele, o governo não está contra a CPI, mas o que se discute é se é restrita ou ampla.
Ele lembrou que a Petrobras está sob análise de cinco órgãos de investigação e é acompanhada pela imprensa. Defendeu mais uma vez a CPI apresentada pela base aliada. "Estamos diante de uma investigação transparente, que a população acompanha. Agora por que não apurar outros fatos?", disse Braga.
O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff ontem no episódio da compra da refinaria de Pasadena (EUA), adquirida pela estatal em 2006. "O Conselho de Administração discute um negócio como um todo. A presidente não tinha acesso a todas as informações", disse Gabrielli, ontem, após reunião com integrantes da bancada do PT na Câmara dos Deputados.
A presidente da República justificou em nota oficial que só aprovou a compra de 50% da refinaria quando era chefe da Casa Civil do governo Lula e comandava o Conselho de Administração da Petrobras porque recebeu "informações incompletas" e documentação "falha".
Lula: governo tem que 'ir para cima'
São Paulo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o governo federal "tem que ir para cima", com "unhas e dentes", para impedir que mentiras sobre a Petrobras prevaleçam e enfraqueçam a estatal. "As pessoas nunca quiseram CPI pra nada, e agora... Então eu acho que nesse aspecto o PT tem que ir pra cima", disse Lula em entrevista a blogueiros.
Ele apontou ainda o interesse eleitoral na tentativa de investigação política das operações da petroleira. "Mais uma vez, os interesses políticos estão fazendo com que, em época de eleição, a oposição que não tem bandeira, não tem voto, levanta essa ideia de fazer uma CPI", afirmou.
O petista fez referência às denúncias de irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, e de pagamento de propina por funcionários da empresa SBM Offshore para garantir contratos com a estatal.
"A gente não pode permitir que, por omissão nossa, as mentiras continuem prevalecendo", declarou Lula ontem em relação ao tema. Segundo o ex-presidente, a economia do Brasil "poderia estar melhor" e que, durante a campanha à reeleição, a presidente Dilma Rousseff terá que "dizer claramente como a gente vai melhorar a economia brasileira". De acordo com Lula, o governo petista gerou emprego com melhoria de salário e inflação na média.
Contraponto
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso rebateu as críticas de Lula à pressão da oposição para instalar a CPI da Petrobras.
O tucano afirmou que as suspeitas sobre a estatal são "espantosas" e devem ser investigadas. "Se ele (Lula) conseguir demonstrar que está tudo certo, é bom para o Brasil. É difícil. Ele está se propondo a uma tarefa ambiciosa", disse FHC.
FONTE:diáriodonordeste.com
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