Por Yohanna Pinheiro
Após a desistência do Partido dos Trabalhadores (PT) em recorrer da decisão judicial que determina a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) exclusiva para investigar supostas irregularidades da Petrobras, petistas cearenses afirmam que o partido não tem nenhum temor das investigações. “Não temos nenhum receio das investigações, pelo contrário. O que nós queríamos era ampliar essa investigação”, afirmou a deputada estadual Rachel Marques (PT).
A parlamentar destaca que o partido já está recolhendo assinaturas para, em breve, implantar outra CPI no Senado para investigar denúncias de cartel em obras no metrô de São Paulo, o que atinge o candidato a presidência Aécio Neves (PSDB). “Vamos requerer uma outra CPI, já está recolhendo assinaturas e já estamos vendo nomes para indicar para as duas CPIs, para que as duas aconteçam e que as investigações todas sejam feitas”, afirma.
Para o deputado Camilo Santana (PT), a manobra faz parte do “jogo político”. “A preocupação que nós temos hoje (é a realização da CPI) em período da véspera da eleição desse País. Nós sabemos do objetivo de utilizar essa CPI como palanque eleitoral ao longo da disputa”, aponta o parlamentar. “Se querem uma CPI (para a Petrobras), estamos defendendo também uma CPI para o metrô de São Paulo”.
Ele ressalta, entretanto, que o partido é a favor de que todas as investigações sejam realizadas e os culpados, punidos. “Qualquer denúncia relacionada à Petrobras deve ser investigada e qualquer pessoa envolvida deve ser punida em relação a qualquer ilícito ou suposto ilícito causado em qualquer operação da Petrobras”, defende o parlamentar.
Santana lamenta ainda que o caso possa ter reflexos nas campanhas eleitorais. “(O caso) está todo dia na mídia. A exposição é apenas uma oportunidade que a oposição tem de utilizar os meios de comunicação para utilizar esse fato”, aponta. “Ninguém pode ser culpado ou julgado por antecipação. Tudo na vida tem que ter seus processos legais, suas investigações, para poder encontrar os culpados. Infelizmente, a gente sabe que outras CPIs também foram usadas com esse motivo (eleitoral)”, lamenta.
Para Rachel, há uma movimentação em torno do governo para prejudicar a campanha da presidente Dilma. “Há todo um trabalho, através por exemplo dessas investigações da Petrobras, atingir o governo federal, atingir o PT”, acusa a parlamentar. “Mas, para nós, as coisas estão acontecendo, a polícia federal está funcionando, as investigações acontecem, então não temos nenhum receio, nenhum temor (dos resultados)”.
Camilo Santana destaca ainda que o aumento na apuração de denúncias é resultado da política de transparência do atual governo, que não abafaria as investigações. “Nunca se apurou tanto, nunca foram tantas pessoas para a cadeia, nunca houve tantos homens públicos afastados dos seus cargos”, aponta. “Mas, se o desejo é essa CPI, que a decisão judicial seja cumprida”.
Liminar
Na última quarta-feira (23), a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber concedeu uma liminar determinando que o Senado instalasse uma CPI exclusiva para investigar denúncias de irregularidades na Petrobras. A ministra atendeu a pedido de parlamentares da oposição, que queriam ter garantido o direito de uma comissão específica para investigar denúncias.
No entanto, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou ontem que a Casa irá recorrer ao plenário do Supremo contra a decisão de Weber. De acordo com o presidente, “o poder investigatório do Congresso se estende a toda gama dos interesses nacionais a respeito dos quais ele pode legislar”.
FONTE:diáriodonordeste/política

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