Não existe a craque-dependência quando o coletivo flui. A Argentina não precisou ser brilhante, mas soube desde o apito inicial o que deveria fazer para vencer o Chile em sua estreia na Copa América Centenário: pressionou a saída de bola no campo ofensivo até encontrar o erro. Não foram poucos – dois deles acabaram em gols, de Di María, o melhor em campo, e Banega, parceiro que promete vida longa no time titular, nos 2 a 0 em Santa Clara, na última segunda-feira (veja os melhores momentos acima).
Nas tribunas do estádio do San Francisco 49ers, da NFL, estava o alemão Jürgen Klopp. Especula-se que ele tenha ido assistir a um potencial reforço do Liverpool para a próxima temporada (Higuaín, talvez?), mas sua presença chega a ser simbólica pelo que foi apresentado pela equipe de Tata Martino. Um futebol sob pressão do jeito que Klopp gosta – alguma ramificação do original gegenpressing.
A Argentina já havia causado dano no primeiro tempo. Faltava caprichar nas finalizações – uma cabeçada cedo de Gaitán encontrou o travessão, outro chute de Di María foi para fora, um desvio de Higuaín foi travado pela defesa chilena. As chances apareceram porque Mascherano e Banega fizeram o trabalho com Marcelo Díaz e Aránguiz. O ex-jogador do Internacional, por sinal, admitiu o erro no lance do primeiro gol. Cochilou, foi desarmado por Banega, que serviu Di María já na área. Bravo aceitou: 1 a 0.
Foi uma ação que durou seis segundos, do meio-campo até a bola na rede – curiosamente, nos 14 jogos em que Di María marcou pela Argentina, ela venceu. Minutos depois, os papeis se inverteram, com o camisa 7 oferecendo o gol a Banega – que ainda contou com o desvio em Isla. Gaitán, o substituto de Messi, não brilhou à altura, mas fez o serviço pela direita, bastante aplicado, assim como Higuaín e seus deslocamentos.
Com um ataque extremamente veloz e Di María à vontade, a verticalidade aparece como arma quase mortal da Argentina, enquanto o suporte de Mascherano (e o específico de Augusto) dão segurança maior à defesa, ainda claudicante na saída de bola. A Argentina não sentiu a falta de Messi contra o atual campeão da Copa América. Enfrentará agora Panamá e Bolívia para muito provavelmente carimbar o primeiro lugar na chave – cada vez mais se fortalecendo enquanto time.
- Foi justo vencermos, pelo desenvolver do jogo. Tivemos as melhores chances, no primeiro controlamos muito mais que no segundo, mas parte do plano era dar mais saída ao Chile, que aí poderíamos pressionar e pegá-los abertos - e assim fizemos os gols. O Chile é um time que, assim como nós, tem a mesma ideia de jogo, sair jogando, pressionar adiante e forçar a perda de bola. São dois times similares. Eles decidiram correr um risco e nós não, talvez aí tenhamos sido um pouco mais inteligentes – opinou o volante Javier Mascherano.
- No primeiro tempo fizemos um grande jogo, combinamos muitas vezes, tivemos posse, mas também terminamos, com quatro, cinco chegadas importantes. No segundo aproveitamos os contra-ataques, temos jogadores que com espaços são determinantes. Fizemos o que tínhamos que fazer. Não temos que focar no fato de que Leo não esteve. Afinal, precisamos dele sempre, somos melhores com ele. Leo é Leo, mas é importante porque ganhamos, o rival era o Chile, começamos a Copa América ganhando - completou.

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