A pancada na água não doeu nas costas de Ingrid Oliveira. Doeu na cabeça e no coração. Foi assim que a técnica Andréia Boehme definiu o salto que rendeu nota zero à integrante de sua equipe nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015. Um ano depois, a atleta poderia ter algum receio de repetir o duplo e meio de costas carpado, mas vai para uma nova tentativa. Desta vez, entretanto, será na Olimpíada, e com o objetivo é chegar à final da plataforma de 10 metros dos saltos ornamentais. Isto significa estar entre as 12 melhores classificadas de um total de 30.
- Vou colocar o mesmo salto que fiz no Pan. Tenho treinando tem um tempinho. E agora está tudo dentro dos conformes. Eu tinha medo não era nem de cair, era de sair para fazer o salto. Era só receio de sair para fazer o salto, mas agora está tranquilo. Porque cair, todos os atletas sabem os riscos que correm, não só nesse salto, mas também em outros. Podemos a qualquer momento nos machucar. Acho que todos os saltadores têm não é medo, mas respeito para fazer o salto - disse a atleta de 20 anos.
Técnica da seleção brasileira de saltos ornamentais há mais de 20 anos, Andréia mostra confiança em ver Ingrid dar a volta por cima. Ela deixa de lado a superexposição da atleta – que antes do Pan foi criticada por fotos postadas em redes sociais – e destaca a capacidade de sua pupila busca a volta por cima. Exatamente por isso confia no sucesso do duplo e meio de costas (grau de dificuldade 2.9), o que, segundo ela, será um passo importante para que a meta seja cumprida.
- A Ingrid briga de igual para igual com todo mundo, pelo grau de dificuldade da série, um pouco menos pela falta de experiência, mas é algo que não faz muita diferença se ela acertar os saltos. Antes ela dependia mais dos erros de outros, hoje não. Nós estamos buscando aqui uma final. Mas para isso não tem que errar nada. A gente sabe que a arquibancada cobra, mas eu peço para ela esquecer tudo, dizendo: é o seu salto, o seu momento. Tem que arriscar - ressaltou a treinadora.
Antes de qualquer resultado a ser alcançado na Olimpíada, Andréia Boehme garante que Ingrid Oliveira já mostrou suas qualidades.
- No Pan foi falta de sorte. O salto estava muito recente e ela estava em seu primeiro ano de competição adulta. De qualquer maneira, a insegurança atrapalhou, e aí tudo é motivo para tirar a concentração. Não existe desculpa. Ingrid não é de se desesperar, mas só tem oito anos de saltos. Naquele momento ela ficou nervosa, mas pôde mostrar sua garra. Tanto que, depois daquela nota 0 fez um salto de dificuldade 3.2 e ganhou nota 9. Mostrou para todos que não se abalou, e são poucos os atletas que conseguem isso.
Aos 20 anos, Ingrid Oliveira poderá desenvolver ainda mais sua técnica, e já tem planejado para as próximas competições um salto de grau de dificuldade ainda maior. E segundo a técnica Andréia Boehme, ele não será exibido no Rio de Janeiro por falta de recursos para treinamento.
- Estávamos trabalhando o triplo e meio de costas, que vale mais ainda. Tentamos fazer, mas não temos material suficiente para trabalhá-lo. Precisaria de cinto de segurança, de um ginásio, e eu não tive isso. Trabalhamos para a Olimpíada sem ginásio. Fica complicado quando o mundo lá fora tem e nós, não. Mesmo assim começamos a treinar o triplo. Sem o trabalho com frequência gera uma insegurança lá em cima, e sem material o processo fica mais lento. O salto está pronto. Após Olimpíada vamos trabalhar para ele entrar na série. O duplo ainda tem uma insegurança, fica aquela lembrança do Pan, mas eu digo que errar faz parte do esporte cair e levantar. A Ingrid vai apresentar o salto, e hoje ela tem uma série compatível com as adversárias - destacou a treinadora.
Fonte:G1/JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016

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