segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Condutor do carro da Paraíso do Tuiuti que feriu 20 na Sapucaí está desaparecido

A Polícia Civil espera que o motorista do carro alegórico da Paraíso da Tuiuti se apresente na 6ª DP (Cidade Nova). Ele é aguardado para prestar depoimento sobre o acidente que deixou 20 pessoas feridas na Marquês de Sapucaí, três delas com gravidade, na noite de domingo. Até às 11h45 desta segunda-feira (27), o condutor estava desaparecido.

Agentes da 6ª DP disseram ao G1 que o motorista teria fugido da Sapucaí logo após o desfile. Até o fim da manhã ele não havia sido localizado, nem mesmo pela escola de samba, que não chegou a divulgar a identidade dele.

Perito durante trabalho de vistoria em carro alegórico da Paraíso do Tuiuti que deixou 20 feridos na Sapucaí (Foto: Henrique Coelho/G1)
Pela manhã, a Polícia Civil realizou uma segunda perícia no carro alegórico envolvido no acidente. Os peritos analisaram o veículo e, também, as grades da Sapucaí onde ele colidiu, imprensando algumas pessoas que estavam na avenida.

Peritos da Polícia Civil avaliam rodas malucas de carro alegórico da Paraíso do Tuiuti

Os peritos deixaram o Sambódromo sem falar com a imprensa. O laudo pericial deve ser concluído em até 30 dias.

O G1 flagrou que havia manchas de sangue na parte esquerda do carro. O veículo imprensou as pessoas que estavam na pista contra as grades. Os bombeiros chegaram a ter de cortar grades para resgatar um dos feridos.

Estrutura na parte esquerda do carro alegórico ficou com marcas de sangue (Foto: Henrique Coelho/G1)

Na madrugada, ainda na passarela do samba, o delegado William Lourenço, substituto da 6ª DP, afirmou que a perícia preliminar feita no carro alegórico da Tuiuti envolvido no acidente não apontou problemas mecânicos.

O delegado destacou que o fato do carro ter seguido o desfile sem intercorrências após o acidente já demonstrava que não houve falha mecânica. Lourenço ressaltou ainda que imagens feitas pela TV, bem como vídeos amadores, do momento do acidente irão auxiliar nas investigações.

Três vítimas internadas

Dentre os 20 feridos, 12 foram atendidos no próprio Sambódromo. Outras cinco vítimas chegaram a ser levadas para hospitais e receberam alta. Três mulheres, no entanto, precisaram ser submetidas a cirurgia e seguiam internadas.

Uma das pessoas feridas no acidente da Paraíso do Tuiuti foi a fotógrafa Lúcia Mello (Foto: Alexandre Durão/G1)

A SMS não divulgou a identidade das três vítimas que permaneciam internadas. Conforme o G1 apurou, uma delas é Maria de Lurdes, que seria integrante da escola Paraíso do Tuiuti e sofreu uma fratura exposta na perna traumatismo craniano e traumatismo de face.

Uma parente de Maria de Lurdes, que pediu para não ser identificada, contou que o estado de saúde dela é grave.

Em boletim divulgado pela SMS às 10h40, o órgão confirmou que o estado de saúde dela grave. Maria respirava com a ajuda de aparelhos

As outras duas vítimas que precisaram passar por cirurgia também são mulheres que sofreram fratura nas pernas. Segundo a SMS, o estado de saúde de ambas era estável. Uma estava no setor de recuperação pós-cirúrgica do Souza Aguiar, em observação. A outra passava por novos exames no Miguel Couto.

‘Preocupados com o desfile’

Familiares de uma das três vítimas que precisaram ser operadas reclamaram a falta de suporte por parte da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) e da escola de samba.

Parente de vítima de acidente na Sapucaí reclama de falta de assistência

“Minha mãe ficou presa na grade e eles preocupados com o desfile acontecer. Pelo amor de Deus, é surreal”, reclamou Rafaela Anastásia, filha de Elizabeth Jofre.

"Desde a noite de ontem, minha mãe não recebeu qualquer tipo de suporte por Parte da Liesa, nem da Paraíso do Tuiuti. Só tivemos assistência mesmo dos funcionários do Souza Aguiar", afirmou Rafaela.

Segundo ela, a mãe fraturou um fêmur e também a bacia. Elizabeth permanece internada em estado grave no Hospital Souza Aguiar.

Elizabeth trabalhava como repórter de pista da Ativa FM. Ela estava na área próxima à concentração quando foi atingida pelo carro alegórico.

Feridos no desfile da Paraíso do Tuiuti são levados para o Hospital Souza Aguiar (Foto: G1 Rio)

"Minha mãe já faz esse tipo de cobertura há muito tempo. Nunca houve nenhum acidente. Por ela estar próxima ao mundo há tantos anos, esperávamos um pouco mais de consideração por parte da Liesa ou da escola", lamentou Henrique Joffe, também filho de Elizabeth.

Na madrugada, horas depois do acidente, tanto a Liesa quanto a escola lamentaram o acidente e afirmaram que foi oferecida assistência às vítimas.

A escola Paraíso do Tuiuti afirmou, em nota, que "prontifica-se a prestar esclarecimentos assim que todas as causas do acidente forem apuradas." "Esclarecemos que ofereceremos toda a assistência necessária às vítimas deste irreparável episódio", diz a nota.

Também em nota, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), também lamentou o acidente. "A Liga se solidariza com as vítimas e seus familiares e informa que todas foram prontamente socorridas", diz a nota.

‘Tenho que agradecer a Deus’

Imagens mostram momento do acidente na área de concentração da Sapucaí

Uma das feridas no acidente, a jornalista Bárbara Campello disse em entrevista à rádio CBN que sofreu luxações e escoriações no braço. "Eu tenho que agradecer a Deus. Teve casos piores. Uma amiga teve fratura exposta na perna, a outra teve as duas pernas prensadas contra a grade. Eu fui derrubada e fui parar quase debaixo do carro alegórico”, contou à rádio.

O jornalista Paulinho Carioca, marido de Elisabeth, que ficou ferida no acidente, contou sobre o momento do acidente. "Tinha acabado de subir, fui entregar uma capa de chuva para ela. De repente houve uma gritaria. A impressão que tive é que foi engatada uma ré, o carro voltou com muita rapidez. Aquela gritaria. Quando o carro voltou e saiu do lugar, eu a vi caída."

De acordo com ele, a ambulância que levou a mulher até o hospital Souza Aguiar levou quase meia hora no trajeto entre a Marques de Sapucaí e o hospital. "Eu levei 25 minutos para chegar aqui do Sambódromo. Tem que ter uma via totalmente expressa e definida para o socorro de pessoas. Tinha 70 mil pessoas no Sambódromo. Poderia ser mais grave", afirmou.

Fonte:G1

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