quinta-feira, 29 de março de 2018

Preso pela PF, ex-ministro Wagner Rossi diz que não há acusações contra ele


Preso na manhã desta quinta-feira (29) na Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal, o ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse que não há nenhuma acusação contra ele.
"Eu tenho absoluta consciência que eu não tenho nada a ver com os assuntos que me foram perguntados e certamente vou sair daqui cinco dias e voltar para o convívio familiar. Só isso", disse o ex-ministro na Delegacia Seccional de Ribeirão Preto (SP), onde passou por exame de corpo de delito.

Rossi foi ministro da Agricultura nos governos dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, em 2010 e 2011. Em 1999 e 2000, ele presidiu a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal administradora do porto de Santos. Ele é pai do deputado Baleia Rossi, líder do MDB na Câmara.

As prisões da Operação Skala foram pedidas pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.

A operação foi autorizada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga seTemer, por meio de decreto, beneficiou empresas do setor portuário em troca de suposto recebimento de propina.

O ex-ministro da Agricultura, Wagner Rossi, foi preso nesta quinta-feira (29) em Ribeirão Preto, SP (Foto: Reprodução/EPTV)

Interrogatório

Rossi foi levado à sede da PF após ser preso em casa em um condomínio em Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão Preto. Ele permaneceu cerca de duas horas na delegacia, onde foi interrogado. O ex-ministro afirmou que respondeu a 64 perguntas referentes à Codesp em Santos (SP), mas que não há ligação entre a sua gestão e as suspeitas levantadas pela Polícia Federal.

"Não estou sendo acusado de nada. Eles queriam saber sobre um assunto que aconteceu no Porto de Santos 12 anos depois que eu já tinha saído de lá, um decreto feito pelo governo federal, mas não tem nada a ver comigo. Eles queriam saber as pessoas que eu conhecia na época, se tinham influência. Nada referente a mim."

O advogado de Wagner Rossi, Rafael Chiaradia, afirmou que a prisão é "abusiva" e que a defesa tomará as medidas necessárias para cessar a prisão.

"Wagner Rossi aposentou-se há sete anos. Desde então, nunca mais atuou profissionalmente na vida pública ou privada. Também nunca mais participou de campanhas eleitorais ou teve relacionamentos políticos. Mora em Ribeirão Preto onde pode ser facilmente encontrado para qualquer tipo de esclarecimento. Nunca foi chamado a depor no caso mencionado. Portanto, são abusivas as medidas tomadas. Apesar disso, Wagner Rossi está seguro de que provará sua inocência", afirmou o advogado em nota.

O ex-ministro será levado à superintendência da PF em São Paulo (SP), onde deverá permanecer preso temporariamente por cinco dias.

Wagner Rossi foi preso na Operação Skala nesta quinta-feira (29) em Ribeirão Preto, SP (Foto: Reprodução/EPTV)

PRESOS NA OPERAÇÃO DA PF

José Yunes, advogado, amigo e ex-assessor do presidente Michel Temer
Antônio Celso Greco, empresário, dono da empresa Rodrimar
João Batista Lima, ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo e amigo de Temer
Wagner Rossi, ex-deputado, ex-ministro e ex-presidente da estatal Codesp
Milton Ortolan, auxiliar de Wagner Rossi
Celina Torrealba, uma das donas do grupo Libra, segundo informou 'O Globo'

O decreto alvo de investigação foi assinado pelo presidente Temer em maio do ano passado e aumentou o prazo dos contratos de concessão de áreas portuárias de 25 anos para 35 anos, podendo ser prorrogado até 70 anos, beneficiando as atuais empresas concessionárias.

O inquérito foi instaurado em setembro do ano passado no STF. A investigação teve início com base nas delações de Joesley Batista, dono do grupo J&F, e de Ricardo Saud, ex-executivo do grupo.

De acordo com as investigações, a empresa Rodrimar, que atua no Porto de Santos (SP), teria sido beneficiada.

Na mesma operação da PF nesta quinta-feira, foram presos o advogadoJosé Yunes, amigo do presidente Michel Temer; o ex-coronel João Batista Lima, outro amigo de Temer; Antônio Celso Greco, dono da empresa portuária Rodrimar, que atua no porto de Santos; e Celina Torrealba, uma das donas do grupo Libra, segundo informou o jornal "O Globo".

Depoimento de Joesley Batista

Em depoimento à Polícia Federal em fevereiro deste ano, o empresário Joesley Batista, dono do grupo J&F, disse ter sido procurado por Wagner Rossi após a saída dele do Ministério da Agricultura e ouviu reclamações de que Temer o havia abandonado.

Joesley Batista disse que, depois dessa conversa, Temer ligou e pediu que ele fosse ao escritório na Praça Panamericana, e que Temer perguntou sobre o valor que Joesley repassava a Rossi anteriormente e porque havia parado - e que Temer queria confirmar se eram de fato R$ 200 mil mensais.

O empresário diz que confirmou a Temer que era esse o valor e que tinha parado de repassar porque Rossi havia saído do Ministério da Agricultura.

O delator disse que Temer perguntou se ele não podia continuar, então, repassando R$ 100 mil porque Rossi estava "muito bravo" com ele, Temer.

À PF, Joesley disse que ponderou com Temer que Rossi não deveria receber mais dinheiro algum porque não estava mais no ministério, e que Temer insistiu que "gostaria que fosse realizado o pagamento de ao menos R$ 100 mil porque Wagner Rossi estava muito bravo com ele [Temer]".

Fonte:G1

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