O principal alvo de uma operação policial desta quarta-feira (25) no Rio é Wellington da Silva Braga, o Ecko, que chefia a Liga da Justiça. Considerada a maior milícia da cidade, a Liga atua na Zona Oeste da cidade, explorando o controle de postos de combustíveis, transporte irregular e até a extração de saibro.
Ecko nunca foi policial e herdou o grupo criminoso do irmão, Carlinhos Três Pontes, ex-traficante i morto ano passado, em uma ação da polícia.
Até por volta das 13h, a operação estava em andamento, e Ecko ainda não havia sido localizado. Contra ele constam um mandado de prisão por homicídio simples e o expedido para a operação desta quarta, por extorsão. O Disque Denúncia oferece R$ 2 mil por informações que levem à prisão dele.
No dia 7/4, o criminoso conseguiu escapar de um grande cerco montado pelas forças de segurança. Ecko estava em uma festa num sítio, mas fugiu após quatro criminosos do grupo entrarem em confronto com policiais.
Na ocasião, 159 pessoas foram presas, e quatro homens morreram em confronto. A ação, no entanto, tem causado controvérsia: o Ministério Público estadual pediu a soltura de 138 detidos, sob a alegação de não haver ligação com o crime.
Segundo o chefe do Departamento Geral de Polícia da Capital, Fábio Barucke, a Polícia Civil vai continuar a procurar por Ecko.
“Ele é um alvo permanente. Nós vamos ficar na cola dele até ser preso. Vamos manter a pegada na parte financeira, e a nossa ideia é que ele se apresente e seja preso, para que seja acabada essa organização“, afirmou Barucke.
História do grupo criminoso
Inicialmente atuando nos bairros de Campo Grande, Santa Cruz, Cosmos, Inhoaíba e Paciência, na Zona Oeste, a Liga da Justiça chegou ao seu auge em 2007, com assassinatos e controle econômico da região.
Na época, os chefes da milícia eram Ricardo Teixeira Cruz, o Batman; Toni Ângelo Souza Aguiar, o Toni Angelo; e Marcos José de Lima, o Gão, todos ex-policiais.
Ricardo Teixeira da Cruz, conhecido como Batman, ex-chefe da Liga da Justiça (Foto: Reprodução/ TV Globo)
Com todos presos após operações em 2007 e 2008, a configuração da milícia mudou. Carlinhos Três Pontes passou a liderar o grupo. Diferente dos antecessores, ele era ex-traficante do Morro Três Pontes, em Santa Cruz, e tornou-se o chefe do grupo até ser morto.
Nessa época, Ecko assumiu a liderança da Liga da Justiça. Atualmente, o nome do grupo faz referência ao líder: Bonde do Ecko.
Batman, considerado o primeiro grande chefe do grupo, cumpre pena no presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Na mesma época de sua prisão, também foram condenados por integrar a mesma facção criminosa o ex-vereador Jerominho Guimarães e seu irmão, o ex-deputado estadual Natalino Guimarães.
Jerominho Guimarães, condenado por integrar a organização paramilitar (Foto: Alba Valéria Mendonça / G1)
Ex-deputado Natalino Guimarães, também condenado por participar de milícia (Foto: Reprodução / TV Globo)
Operação desta quarta
Nesta manhã, agentes das delegacias de Serviços Delegados, Combate à Pirataria, Proteção ao Meio Ambiente e do Consumidor começaram uma ação para combater os depósitos e comércios irregulares de mercadorias falsificadas, a extração de saibro, as vans irregulares e os postos ilegais de combustível. Segundo a Polícia Civil, são atividades altamente lucrativas para o grupo.
Contra Ecko, os agentes tentam cumprir um mandado de prisão por suspeita de constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar crimes.
Mais cedo, equipe da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis esteve nos pontos de vans de Santa Cruz juntamente com agentes do Detro, para combater as vans irregulares, clonadas ou que são frutos de crime.
De acordo com o Ministério Público, as vans de Campo Grande e Santa Cruz são responsáveis por um lucro de cerca R$ 27 milhões à milícia por mês.
A milícia da Zona Oeste, principalmente nos bairros de Campo Grande e Santa Cruz e Paciência, é uma das mais fortes do Rio.
O grupo criou verdadeiras “franquias”, mostradas na série Franquia do Crime, do G1, que revelou que 2 milhões de pessoas vivem em áreas sob influência de milícias no Rio de Janeiro e 11 municípios da Região Metropolitana.
FONTE:G1
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