quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Ataques voltam a acontecer e ônibus e caminhão são incendiados em 27º dia de ataques no Ceará

Dois veículos foram incendiados na noite desta terça-feira (29), sendo um ônibus em Fortaleza e um caminhão em Maracanaú. Na capital, quatro homens incendiaram um ônibus no Conjunto José Euclides, no Bairro Jangurussu, no início da noite. O veículo ficou totalmente destruído pelas chamas. Em Maracanaú, na Região Metropolitana, um caminhão foi incendiado dentro de uma pedreira, por volta das 19h30. Ninguém ficou ferido. Os ataques aconteceram após o Ceará somar mais de 48 horas sem nenhum registro de ações criminosas. Já é o 27º dia de ataques no Estado.

Desde o dia 2 de janeiro, quando começaram as ações criminosas, ocorreram 260 ataques contra ônibus, carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 50 dos 184 municípios cearenses. As ações começaram em Fortaleza e se espalharam para a Região Metropolitana e diversas cidades do interior. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará confirmou que 461 pessoas já foram detidas por envolvimento nas ações criminosas.

Para tentar conter os ataques, o governo estadual convocou 1.200 policiais militares da reserva para reforçar a segurança nas ruas. O Ministério da Justiça enviou agentes da Força Nacional e reforço da Polícia Rodoviária Federal para o estado. Policiais militares e agentes penitenciários de outros estados brasileiros também foram deslocados ao Ceará após o início dos crimes.

Veículos incendiados

O ônibus atacado na noite de terça-feira fazia a linha 628 - Sítio São João/ Santa Maria. Segundo a polícia, quatro homem entraram no coletivo quando ele saía do fim da linha e, em determinado trecho, ordenaram que o motorista descesse e atearam fogo ao veículo. O coletivo ficou totalmente destruído pelas chamas.

Ônibus foi incendiado por criminosos no Conjunto José Euclides, em Fortaleza — Foto: Rafaela Duarte/ SVM

Uma equipe do Corpo de Bombeiros esteve no local para fazer o trabalho de rescaldo, que é eliminar todos os resquícios de fogo. Os suspeitos fugiram a pé após a ação e ninguém foi preso.

Já em Maracanaú, um caminhão que estava estacionado dentro de uma pedreira no Bairro Olho D'Água foi incendiado por volta das 19h30. As informações da polícia são de que quatro homens invadiram o local e incendiaram o veículo, que não era mais utilizado pelos funcionários da pedreira.

O Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu controlar as chamas, que atingiram também parte de um galpão.

Entenda o que está acontecendo no Ceará

O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios. O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior.
O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança no estado.
A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
A onda de violência afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair.
35 membros de facções criminosas foram transferidos do Ceará para presídios federais desde o início dos ataques, segundo o último balanço do Ministério da Justiça.
Agentes penitenciários apreenderam 2,3 mil celulares nos presídios cearenses durante os ataques.

Ordens partiram de presídios

Áudios compartilhados entre membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações criminosas partiram de presidiários. As mensagens chegaram até as autoridades após a apreensão de 407 aparelhos de celulares nas unidades prisionais do estado, no dia 6 de janeiro.

Agentes penitenciários apreenderam 2,3 mil celulares nos presídios cearenses durante os ataques. Conforme a Secretaria da Administração Penitenciária, também foram recolhidas das unidades prisionais aparelhos de televisão e materiais ilícitos, como armas brancas e drogas.

Detentos ameaçam em áudio destruir ônibus — Foto: Reprodução/ TV Globo

Reforço policial

Devido à onda de ataques, o Governo do Ceará convocou mais de 1,2 mil policiais da reserva para reforçar a segurança nas ruas. Além disso, o Ministério da Justiça enviou um reforço de 355 agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) para o estado. Tropas da Força Nacional também seguem reforçando as ações no estado.

Uma megaoperação para combater ataques no Ceará capturou 42 pessoas na madrugada de sábado. A operação, nomeada "Contra-ataque", foi deflagrada para combater a onda de ataques no estado. Além disso, 11 armas de fogo e 4,36 kg de drogas foram apreendidas, segundo a Secretaria de Segurança do Ceará.

Nesta segunda-feira, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, assinou uma portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU) autorizando o envio de agentes da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) para dar apoio ao estado do Ceará. O grupo deve permanecer por 45 dias no estado, a contar do dia 14 de janeiro.

FONTE:G1/CE

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