Um veículo da Enel foi destruído em um ataque incendiário e um artefato explosivo foi encontrado no telhado de uma delegacia na cidade de Maracanaú, na Grande Fortaleza. Uma equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque) da Polícia Militar do Ceará recolheu o material. Este domingo é o 26º dia seguido de ações criminosas coordenadas por facções no estado.
No Bairro Canindenzinho, em Fortaleza, criminosos jogaram combustível e atearam fogo em um veículo da empresa de distribuição de energia no Ceará. O caminhão estava na rua João Correia Lima quando os funcionários da empresa foram abordados por dois suspeitos, que os obrigaram a descer do veículo.
Um policial do 20º Distrito Policial, que não quis se identificar, confirmou que o objeto se tratava de um explosivo, que foi descoberto após uma ligação anônima informar a localização do objeto. Não há informações sobre quem teria deixado o artefato no local. Ele estava com um pavio intacto.
Desde o início das ações criminosas, em 2 de fevereiro, ocorreram 257 ataques contra ônibus, carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 50 dos 184 municípios cearenses. Os crimes começaram em Fortaleza e se espalharam para a Região Metropolitana e diversas cidades do interior. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará confirmou que 460 pessoas já foram detidas por envolvimento nas ações criminosas.
Veículo da Enel foi destruído em ataque em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal
Os ataques no Ceará começaram após uma declaração do secretário Mauro Albuquerque de que “não reconhece facções” no estado. Áudios compartilhados entre membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações criminosas partiram de presidiários. Em um dos áudios, um detento diz que a sequência de crimes é uma tentativa de fazer com que o secretário desista de medidas que tornaram mais rigorosa a fiscalização no sistema penitenciário.
No caso da bomba do 20º Distrito Polícial, um suspeito de 21 anos foi preso ainda na manhã deste domingo, segundo a SSPDS. Ele tem antecedentes criminais por porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas e associação criminosa. Um segundo envolvido ainda é procurado pela polícia.
Reforço
Desde a última terça-feira (22), agentes da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária desembarcaram no Ceará para atuar dentro dos presídios, quantitativo que deve aumentar, conforme Mauro Albuquerque.
“Estou esperando mais um reforço do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Espero que eles mandem, porque essa é a hora para a gente conseguir fazer isso mais rápido”, afirmou.
Albuquerque também destacou a necessidade de a população “ficar tranquila” e contribuir com o trabalho das forças de segurança, sobretudo após ser sancionada a “Lei da Recompensa”.
“Nosso maior apoio está na população, ela é a maior vítima, mas o maior aliado. Todos eles sabem onde tem um foragido, uma boca de fumo, então denuncie. Denuncie. É totalmente seguro, porque a gente vai lá buscar e vai cuidar dentro do sistema penitenciário", disse
"Não fique refém da bandidagem, é esse o momento que as pessoas de bem têm que virar esse jogo. É dever da Segurança e responsabilidade de todos. Se todo mundo que sabe denunciar, a gente consegue limpar essa cidade rapidinho”, completou.
As denúncias, com sigilo garantido, podem ser realizadas por meio do 181, o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS).
Entenda o que está acontecendo no Ceará
O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios. O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior.
O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança no estado.
A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
A onda de violência afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair.
35 membros de facções criminosas foram transferidos do Ceará para presídios federais desde o início dos ataques, segundo o último balanço do Ministério da Justiça.
Agentes penitenciários apreenderam 2,3 mil celulares nos presídios cearenses durante os ataques.
Fonte:G1/CE
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