terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Barragem do Cocó não tem capacidade de sozinha evitar alagamento, diz Cogerh



A sangria do açude do Rio Cocó foi intensificada com chuva de 120,3 milímetros que banhou Fortaleza entre o sábado (24) e o domingo (25), o que contribuiu para a inundação de residências em áreas que margeiam o Cocó. Moradores relatam que a barragem do Cocó não conseguiu conter águas. Mas o diretor de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Bruno Rebouças, responsável pela operação do equipamento, explica que, caso a barragem não existisse, possivelmente a cheia teria sido maior e que, sozinha, a barragem não tem a capacidade de evitar os alagamentos.

Na manhã desta segunda-feira (26), moradores dos bairros São Cristóvão e do João Paulo II seguem alojados em áreas cedidas pela Prefeitura e a Defesa Civil realiza os atendimentos para diagnosticar a situação.

A barragem, inaugurada em junho de 2017, está situada próximo a Avenida Val Paraíso, no Conjunto Palmeiras. Ela foi estruturada justamente para reter o excedente de água nos períodos chuvosos em Fortaleza. Com a barragem, a vazão do Rio é controlada para minimizar os alagamentos. A projeção é que a barragem, com capacidade máxima de acúmulo de 6,4 milhões de metros cúbicos de água, opere com três comportas abertas.

Segundo o representante da Cogerh, Bruno Rebouças, "a barragem de contenção de cheias tem a função de amortecer justamente as cheias que acontecem abaixo dela". "No entanto, ela não tem a capacidade sozinha de evitar um alagamento, principalmente, como em casos que você tem vários outros fatores provocando a cheia", explica.

No fim de semana, além do grande volume de água, as precipitações em Fortaleza tiveram consequências intensas, segundo Bruno, pois estamos no período de maré de sizígia, que é uma maré de amplitude maior que favorece o bloqueio das águas que seguem para o mar. A conjunção desses fatores (volume de chuva e características da marés), atreladas às ocupações irregulares nas margens do Cocó, provocou o cenário de inundações de moradias.

Efeito devastador

Bruno também destaca que, caso a barragem não existisse, os efeitos da chuva possivelmente seriam mais devastadores. "Porque mesmo ela vertendo, ela segura a água dos rios e riacho que vem a montante dela. Passado esse momento de inundação, baixou a água, voltou o nível de normalidade da barragem, possivelmente ainda vai tá cheia, a gente começa fazer a liberação controlada para esperar uma nova chuva", explica.

No entanto, ele esclarece que se ocorrer uma nova chuva grande, de 120 mm ou 140 mm, a barragem corre o risco de encher novamente. Ela deve amortecer o que for possível e passa o excedente. "Mas passa bem menos água do que passaria se não existisse a barragem".

Em relação à abertura das comportas ele informa que "a manobra é muito dinâmica" e, que diferentemente do informado pelos moradores, não houve aumento de liberação das águas na barragem nos últimos dias. O que ocorreu, reforça ele, foi a sangria, que é um fenômeno natural. "Não tem como controlar porque o açude atingiu a capacidade máxima". O açude do Rio Cocó foi o primeiro reservatório da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) a sangrar este ano.

Antes desta chuva do fim de semana, a barragem já estava com nível alto, segundo ele, justamente, porque o Rio já estava cheio. "Não era conveniente fazer uma liberação grande para não correr o risco de gerar uma enchente. A gente abre as comportas e libera água. Ela tava liberando com uma comporta pequena para não ter possibilidade de causar nenhum transtorno à população".

FONTE:G1/CE

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