O motorista de caminhão que atropelou dezenas de pessoas e matou duas na Avenida Osório de Paiva, em Fortaleza, em 2018, foi denunciado pelo Ministério Público por 30 crimes. O órgão acrescentou novas acusações contra Fabiano Queiroz da Silva, de 36 anos, no dia 19 de julho deste ano. Conforme a recente versão da denúncia, o motorista é responsável por dois homicídios dolosos (quando há intenção de matar), oito tentativas de homicídio e 20 danos.
Fabiano foi preso na noite de 30 de julho de 2018, quando perdeu o controle do caminhão que dirigia, colidiu com veículos e atropelou pedestres, no Bairro Bonsucesso. O Ministério Público afirma que ele havia ingerido bebida alcoólica e solicitou que a Perícia Forense do Ceará (Pefoce) envie o exame de alcoolemia feito no acusado à Justiça Estadual.
O advogado Paulo Sérgio Ripardo, responsável pela defesa do preso, nega que o cliente estivesse embriagado. Para ele, o motorista não deveria responder por homicídio doloso. "O laudo foi inconclusivo para alcoolemia. Não há provas no processo que concluem que ele estava embriagado, isso se deu apenas por depoimentos de testemunhas. Ele [Fabiano] teve um mau súbito, porque tem epilepsia e estava sem tomar os remédios. Ele deveria responder por homicídio culposo, e não por doloso, como o Ministério Público denunciou", completa.
Ministério Público denunciou o motorista por homicídio doloso, quando há intenção de matar — Foto: JL Rosa/G1
A 1ª Vara do Júri de Fortaleza recebeu a denúncia inicial do Ministério Público em 4 de setembro de 2018, o que transformou Fabiano da Silva em réu. O processo estava na fase dos memoriais finais, próximo de conhecer a data de julgamento. Mas o promotor Marcus Renan decidiu acrescentar a acusação por mais uma tentativa de homicídio e 20 danos.
"Acrescentei os crimes de danos porque somente agora vieram, aos autos, os laudos periciais atestando a materialidade delituosa em relação a esses crimes. E porque também, somente agora, depois de concluída a instrução criminal, que uma das vítimas sobreviventes se apresentou à Pefoce para conclusão de laudo complementar em relação às lesões", justifica.
A oitava sobrevivente, uma mulher, estava em um veículo com o marido e três filhos, que também ficaram feridos. Já os 20 crimes de danos foram cometidos contra o próprio caminhão que Fabiano dirigia e que pertencia a uma empresa de eventos, uma caminhonete, doze carros e seis motocicletas.
Acidente com caminhão em Fortaleza destruiu diversos veículos — Foto: André Alencar/TV Verdes Mares
Questionado sobre o acréscimo de crimes na denúncia, o advogado de defesa afirmou que ainda não havia sido notificado da decisão do MPCE.
Duas mortes
O caminhão desgovernado causou a morte de Débora da Silva Pinheiro, 38, e José Francisco Viana Lopes, 63, ainda no local, e deixou mais 13 pessoas feridas - das quais oito entraram no processo criminal como vítimas sobreviventes.
Conforme a denúncia do Ministério Público, Fabiano da Silva trabalhava como motorista para uma empresa de eventos e estava no Bairro Pitombeira, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza, aguardando o desmonte de uma estrutura de um show musical para conduzir os equipamentos à capital cearense, na tarde daquele dia. Enquanto esperava, o profissional ingeria bebida alcoólica. No fim da tarde, Fabiano e um colega se deslocaram para Fortaleza.
O passageiro relatou à polícia que o suspeito teve uma "mudança brusca de comportamento" - rosnava, gesticulava e aumentava a velocidade do caminhão, além de dizer que eles iam "para o inferno". O medo fez o homem pular do automóvel em movimento, já na Avenida Osório de Paiva, minutos antes da tragédia.
"Essa circunstância levou o Ministério Público a denunciá-lo pela prática dos crimes pela incidência de dolo eventual. Ele [Fabiano] assumiu o risco de produzir o resultado morte na medida em que, antes de dirigir um veículo possante e na velocidade incompatível com a avenida, consumiu bebida alcoólica", justifica o promotor Marcus Renan.
Após o caminhão colidir com os outros veículos, o motorista foi retirado à força da cabine por moradores da região e espancado. Policiais militares chegaram ao local e evitaram o linchamento. Fabiano foi levado ao Instituto Doutor José Frota (IJF) e depois encaminhado ao 10º Distrito Policial, no Bairro Antônio Bezerra, onde prestou depoimento e foi preso.
FONTE:G1/CE
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