Fortaleza tem 19 Unidades de Atenção Primária à Saúde (UAPS) com carência de médicos, o que corresponde a 16,8% dos 113 postos da capital. A informação foi revelada pelo prefeito Roberto Cláudio na terça-feira (7), durante entrevista coletiva no Paço Municipal. O gestor classificou as regiões onde ficam os estabelecimentos como “mais vulneráveis, mais pobres e mais violentas”.
“São áreas de acesso mais isolado, em unidades básicas distantes que atendem a conjuntos habitacionais mais na ponta. É compreensível que haja uma dificuldade maior de adesão desses profissionais. Mas a gestão não pode aceitar isso, temos que buscar soluções criativas”, explica o prefeito.
O gestor adiantou que, até março, serão contratados mais 100 profissionais por meio do programa Médico Família Fortaleza. Por outro lado, as baixas no Mais Médicos ainda geram apreensão.
“Fortaleza tem perdido, ano a ano, médicos do Mais Médicos. Isso gera uma preocupação porque os municípios passaram a depender da União. Fortaleza precisa de 478 médicos, e hoje tem 454. Precisamos, atualmente, de 14 médicos”, conta.
Carência
Segundo a diretora do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), Regina Cláudia, “a prefeitura chamou todos os médicos da última seleção e alocou na atenção básica, mas mesmo assim ficou faltando”. Ela lembra que a maior carência é na área de clínica geral, já que as outras especialidades são concentradas nas policlínicas.
Nos 19 postos de saúde com insuficiência de médicos, a gestão será transferida para organizações sociais (OS), disse Roberto Cláudio. Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informou que o chamamento público aberto para organizações que tenham interesse em assumir as unidades será finalizado até o final de fevereiro.
“A OS tem a liberdade de gerir esse contrato. Contratar por hora, com salários mais altos, pagar por produtividade, tem a liberdade que a prefeitura não tem para tornar esses contratos mais atrativos para esses profissionais”, detalha o prefeito.
De acordo com o termo de referência elaborado pela SMS para contratação da OS que ficará responsável pela execução das atividades, dos 19 postos, oito ficam na Regional V, sendo dois no Bairro Bom Jardim; outros cinco estão na Regional III. Os bairros contemplados incluem Jardim Iracema, Quintino Cunha, Santa Filomena e Jangurussu.
Dificuldade
Enquanto isso, sobram reclamações dos usuários. Na UAPS Abner Cavalcante Brasil, no Bairro Bom Jardim, as salas estão vazias por falta de médicos. Conforme Raiele Pereira, membro do Conselho de Saúde da unidade, até dezembro, um profissional ainda dava assistência aos pacientes. O auxílio, porém, não continuou neste ano, já que nenhum médico está prestando serviço no posto.
“Estamos totalmente descobertos, à mercê da sorte porque não tem para onde correr”, reclama Raiele. Moradora do bairro há 10 anos, ela denuncia que a ausência de médicos afeta, sobretudo, quem precisa renovar receitas de medicamentos. “Tem pessoas aqui que usam remédio de receita azul, idosos com diabetes e hipertensão que dependem de remédios contínuos e não têm a prescrição. Eles estão muito prejudicados”, aponta.
FONTE:G1/CE
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