quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Hora da bonança: depois de inferno, Cavenaghi dá volta por cima com River

O momento da história do River Plate, quando o fundo do poço, antes inimaginável, se tornou verdadeiro, Fernando Cavenaghi jogava no Brasil, mas tinha contrato com um clube europeu. Quando foi confirmado o rebaixamento do time de seu coração, ele não titubeou: rescindiu com o Bordeaux, da França, deixou o Internacional e voltou para casa. Queria ajudar a reerguer seu clube.
Quatro anos depois, o sacrifício valeu a pena. O River está recuperado e de volta ao lugar habitual, brigando por títulos. E Cavenaghi foi recompensado: será titular na decisão da Libertadores contra o Tigres, nesta quarta-feira, às 22h (de Brasília), no Monumental de Núñez. O SporTV transmite a partida ao vivo, e o GloboEsporte.com acompanha em Tempo Real. 
A ironia da história é que Cavenaghi, apesar de sua importância histórica, já não é mais titular absoluto do River. Pelo contrário, vinha sendo utilizado habitualmente como reserva, em times mistos, principalmente no Campeonato Argentino. Sem o artilheiro Mora, o técnico Marcelo Gallardo tinha as opções de Martínez e Driussi, mas preferiu o veterano. Gratidão? Aposta na experiência?
- Vamos precisar de gol, e esta é a característica principal de Fernando. Ele tem faro para estar dentro da área e finalizar. Fernando tem sido um jogador que tem participado sempre conosco, em maior ou menor medida, mas sempre participou. Jogou partidas importantes. O que não podia fazer era baixar os braços. Nunca se sabe o que pode acontecer no futebol. Agora ele tem a oportunidade mais importante de sua carreira – explicou Gallardo.  
Gol, de fato, nunca faltou a Cavenaghi. Nesta temporada, apesar do papel menor no elenco, são 11 em 26 partidas. Ao todo, ele é o oitavo maior artilheiro da história do River, com 112 gols.
- A escalação de Cavenaghi é uma surpresa, porque estava jogando mais no campeonato local. Mas ele está muito bem, fez vários gols. Gallardo sabe que falta gol ao River e aposta na experiência de Cavenaghi – analisou o jornalista Gustavo Yarroch, do “Clarín”. 
Fernando Cavenaghi jogo River Plate contra Quilmes (Foto: Reuters)Atacante é um dos principais ídolos da torcida do River Plate (Foto: Reuters)
River Plate: habitat natural
Cavenaghi foi criado nas divisões de base do River. Surgiu como grande promessa, destacando-se inclusiva na seleção argentina sub-20 (foi artilheiro do Mundial e do Sul-Americano da categoria em 2003). Vendido ao Spartak Moscou em 2004, jamais confirmou o potencial na Europa. Passou também por Bordeaux (onde teve a melhor fase), Mallorca e Villarreal. Na América Latina, defendeu Pachuca e Internacional, sem convencer. 
Mas o habitat natural de Cavenaghi é mesmo o River. Os dois se complementam. Quando já não rendia no exterior, o atacante se dispôs a voltar para ajudar o clube. No fundo, devia saber que também precisava se recuperar. Na segunda divisão, foi crucial na campanha que devolveu os Millonarios à elite: 19 gols em 37 partidas. 
"Meu sonho é voltar ao River"
Porém, um desentendimento com o então presidente do River, Daniel Passarella, abreviou a passagem do artilheiro. Ele deixou o clube em 2012 e assinou com o Villarreal. Não se firmou na Espanha nem no México, onde defendeu o Pachuca. Voltou para casa em 2014, para sua terceira passagem. 
- Eu sempre disse que vou voltar ao River. No momento em que tive que ir embora, eu disse isso. Meu sonho é voltar ao River - afirmou o jogador, em entrevista no fim de 2013, após deixar o Pachuca, antes de acertar seu retorno.
Cavenaghi, River Plate x Racing (Foto: Diego Haliasz / Prensa River)Cavenaghi será titular na decisão da Libertadores, contra o Tigres (Foto: Diego Haliasz / Prensa River)
Por toda essa história, Cavenaghi é tratado como ídolo pelos torcedores. Santiago El Tano Pasman, por exemplo, acredita cegamente que o jogador ainda tem condições de defender a seleção argentina. 
- Fernando é extraordinário. Um jogador de seleção, um fenômeno. Teve a grandeza de dizer: “Estou aqui num momento em que o River precisa de mim”. Ele colocou o River nas costas, jogou bem na segunda divisão, subiu com o River, foi mandado embora, calou a boca, aguentou e, quando teve a oportunidade, voltou. O torcedor do River valoriza Cavenaghi, e ele vai seguir no coração dos torcedores para sempre. 

FONTE:G1/ LIBERTADORES

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