Desde 1987 o Brasil não era eliminado na fase de grupos da Copa América. O torneio nos Estados Unidos foi mais um na sequência de decepções que a Seleção acumula após a Copa do Mundo de 2014. Entre os jogadores e o técnico Dunga, o discurso foi unificado: é preciso ter continuidade para evoluir. Assim, de que serviu a Copa América Centenário para o futuro da equipe brasileira?
A Copa América não era prioridade para a alta cúpula da CBF – a Olimpíada no Rio de Janeiro é o grande objetivo. Mesmo pressionado por bons resultados, Dunga utilizou o torneio para ambientar alguns jogadores olímpicos, mas as coisas não correram como esperado. Para as eliminatórias, alguns testes foram feitos. É preciso saber se o treinador permanecerá no cargo para colher os frutos das observações. 
Abaixo, o GloboEsporte.com separou em tópicos as conclusões que puderam ser tomadas e aquelas abortadas pela eliminação precoce. Confira:
Quem se salvou?
Gabriel é dos poucos que saem em alta após a Copa América. Foi a primeira competição dele pela Seleção principal, e o desempenho agradou a Dunga. O jovem é favorito a estar na Olimpíada. 
Outro que esteve bem foi Renato Augusto. O meio-campista é cada vez mais homem de confiança de Dunga. Mostrou versatilidade ao atuar como volante e foi dos mais regulares da Seleção ao longo da competição – mesmo contra o Peru, mostrou personalidade e tentou organizar as jogadas. Deixou o torneio com dois gols, ambos sobre o Haiti.
Artilheiro da Seleção na Copa América, Philippe Coutinho também soube aproveitar o torneio. O meio-campista teve sequência de boas partidas, fez três gols sobre o Haiti e ganhou confiança para confirmar seu potencial na equipe. 
Quem decepcionou?
Tido como o jogador mais capaz de desequilibrar uma partida, Willian falhou justamente neste quesito. O meia do Chelsea pareceu abaixo fisicamente ao longo da Copa América e foi burocrático, preso à ponta direita. 
Esperava-se do camisa 19 um protagonismo que não se confirmou. No momento de aperto, contra o Peru, o meio-campista não chamou a responsabilidade e se perdeu em meio ao drama brasileiro. 
Alisson foi pouquíssimo exigido durante a Copa América. Mas, numa das poucas bolas em que precisou intervir, falhou feio. Contra o Equador, colocou para dentro cruzamento despretensioso de Bolãnos. Teve sorte de o árbitro anular a jogada. 
O goleiro ainda tem a confiança de Dunga, mas, em sua primeira competição oficial de tiro curto, não passou total segurança. 
Do mesmo problema sofreu Elias. O volante foi titular indiscutível de Dunga, não teve substituto no elenco, mas não justificou tanta importância. Errou demais ao longo dos jogos e deixou a dúvida se deve realmente ser considerado uma peça tão importante na Seleção. 
Esquema novo
Na derrota para o Peru, Dunga enfim começou jogando com uma formação que vinha ensaiando há algum tempo: um meio-campo sem volantes. Com a suspensão de Casemiro, o treinador recuou Elias e Renato Augusto e colocou Lucas Lima para armar. 
O curioso é que, defensivamente, o Brasil esteve bem. O problema foi no ataque. A Seleção tem grande dificuldade de definir as jogadas, e Lucas Lima não conseguiu solucionar isso. 
A formação é parecida com aquela utilizada pela Seleção para buscar o empate em 2 a 2 com o Paraguai, nas eliminatórias, em março. 
Sem artilheiro
Jonas começou a Copa América como titular. Perdeu a vaga para Gabriel no intervalo contra o Haiti e, diante do Peru, foi preterido por Hulk quando Dunga fez a única substituição no jogo. O atacante do Benfica não convenceu o treinador, mas não foi o único. 
Gabriel sai fortalecido da Copa América, mas também apresentou dificuldades jogando como centroavante. Fez um gol, perdeu outros e não achou o melhor posicionamento atuando como referência. Hulk foi outra alternativa, tentada nos minutos finais contra o Peru, e ficou claro que esta não é a melhor função para o jogador do Zenit.
Com Jonas em baixa, o Brasil volta a ficar sem um candidato à camisa 9. Dunga ainda pensa em Neymar na posição, mas também será o caso de adaptar um jogador à função. 
Cadê Ganso?
Paulo Henrique Ganso voltou à Seleção após quatro anos, mas não entrou em campo. Chegou para o lugar do cortado Kaká – que já havia sido o substituto do também desconvocado Douglas Costa -, treinou, mas não teve oportunidade.
Assim, Dunga não pôde observar o jogador, considerado acima da média tecnicamente. O são-paulino poderia ser opção para a falta de criatividade do meio-campo brasileiro, que sofreu para criar jogadas com qualidade ao longo da Copa América.
E os olímpicos?
A observação de nomes como Rodrigo Caio, Fabinho e Douglas Santos restringiu-se ao amistoso contra o Panamá e aos treinos. O trio também não entrou em campo ao longo da Copa América. O goleiro Ederson, cortado por lesão, é outro que pouco foi visto por Dunga – neste caso, algo que pode ter impacto imediato na Olimpíada. 
Dos “olímpicos”, Walace teve chance. Jogou cerca de 20 minutos contra o Haiti. Era o substituto natural do suspenso Casemiro diante do Peru, mas Dunga optou por escalar Lucas Lima. 
Marquinhos e Gabriel foram observados. O zagueiro foi titular nos dois primeiros jogos e teve desempenho consistente. O atacante é um dos xodós de Dunga, fez um gol e ganhou força para a Olimpíada. 

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