sábado, 30 de julho de 2016

Brazilians: quase 5% da delegação para o Rio 2016 não nasceu no país

Brazilian, brésilien, brasiliano, brasileño, Brazilac... O Brasil chega ao Jogos Rio 2016 mais cosmopolita do que nunca. Em tempos de Brexit, com a saída do Reino Unido da União Europeia, e discussões ao redor do mundo sobre imigração, o país-sede assumiu a diversidade cultural tão marcante e chega para Olimpíada representado pelo maior número de naturalizados da história. Serão 23 no total, de 13 países, em dez modalidades, e que representam 4,9% da delegação. 
Seja por descendência, matrimônio, tempo de permanência ou simplesmente "contratação" para reforçar modalidades em que o país não tem tanta tradição, o esporte brasileiro fez valer das brechas da lei para chegar forte ao Rio 2016. O aumento de gringos no Time Brasil é imenso em relação aos Jogos de Londres 2012, quando somente o americano Larry Taylor, do basquete, e a mesa-tenista Lin Gui, chinesa, foram "intrusos". O caso mais bem-sucedido de naturalização é o de Rodrigo Pessoa. Nascido na França e filho de brasileiro, o cavaleiro foi campeão olímpico de saltos em Atenas 2004 e tem ainda o bronze por equipes em Atlante 1996 e Sydney 2000. Aos 43 anos, ele é reserva na delegação que está no Rio 2016 e pode aumentar a lista caso participe da disputa.
O polo aquático, com cinco naturalizações entre os homens e duas no feminino, foi o esporte mais beneficiado, seguido pelo hóquei sobre grama, que tem seis. A decisão sobre a aceitação do atleta estrangeiro cabe às federações específicas, de acordo com comunicado enviado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) ao GloboEsporte.com.   
- Dentro do planejamento e da estratégia do COB para os Jogos Olímpicos Rio 2016, não há programas relativos à naturalização de atletas. Porém, as confederações têm autonomia para realizar ações específicas que sejam benéficas para o desenvolvimento de suas equipes. Se a confederação identifica que uma naturalização será positiva para sua modalidade, e pede algum tipo de auxílio ao COB, o COB busca apoiar este projeto.
Info Naturalizados no Brasil 1 (Foto: Infoesporte)
Info Naturalizados no Brasil 2 (Foto: Infoesporte)





















EUA, Holanda e França são as principais origens
O critério utilizado para considerar um atleta estrangeiro foi o local de nascimento, independentemente da relação dos pais com o Brasil. Assim, os Estados Unidos são o país que mais cedeu atletas, com quatro: Isadora Cerrullo, do rugby, Rosângela Santos, do atletismo, Luisa Borges, do nado sincronizado e a velejadora Patrícia Freitas. Na sequência, vêm Holanda e França, com três, Inglaterra, Espanha e Itália, com dois.   
Slobodan Soro, goleiro sérvio do polo aquático (Foto: André Durão)Slobodan Soro, goleiro sérvio do polo aquático (Foto: André Durão)
Entre os casos mais controversos, estão os do sérvio Slobodan Soro e do croata Josip Vrlic, do polo aquático. Amigos do brasileiro Felipe Perrone, que, apesar de carioca, defendia a Espanha e também foi convencido a jogar pelo Brasil, eles foram convidados para defender a Seleção mesmo sem nenhuma relação com o país e recebem salários da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Soro, por sua vez, garante que a parte financeira não foi sua principal motivação:   
- Eu sou jogador de polo aquático há 26 anos, toda a minha vida foi no polo aquático, joguei muito pela seleção sérvia, ganhei tudo que existe no mundo. Quando parei de jogar pela Sérvia, pensei: "O que fazer mais?". Eu quero fazer alguma coisa pelo polo aquático, porque tudo que eu tenho na minha vida é por causa do polo. Tenho duas medalhas, em Pequim e em Londres, mas nunca joguei dentro de casa, agora vou jogar as Olimpíadas em casa, é uma coisa muito especial.
Legislação dá brechas, e federações decidem
Ao contrário do futebol, por exemplo, várias modalidades olímpicas permitem que um atleta integre um novo país mesmo que já tenha defendido outro em competição oficial. Cada federação internacional conta com seus próprios critérios, avalizados pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Já o ponto básico para adquirir cidadania brasileira é morar há, no mínimo, quatro anos no território nacional. Há, no entanto, brechas.   
Seletiva Eduard Soghomonyan Antoine Jaoude Rio 2016 (Foto: André Durão)Eduard Soghomonyan (de azul) venceu o brasileiro Antoine Jaoude na seletiva para o Rio 2016 (Foto: André Durão)
O processo de naturalização pode ser encurtado caso o interessado tenha filho ou cônjuge brasileiro, seja filho de brasileiro, possa prestar serviços relevantes para nação ou que seja recomendado pela capacidade profissional. O armênio Eduard Soghomonyan, no Brasil desde 2012, aproveitou uma dessas brechas e se classificou para defender o país na categoria até 130kg da luta greco-romana.   
Sou brasileiro há quatro anos, desde que eu entrei para a família Mikaelian, que me adotou e me deu todo o aparato para estar aqui
Eduard Soghomonyan, lutador armênio naturalizado brasileiro 
- Sou brasileiro há quatro anos, desde que eu entrei para a família Mikaelian, que me adotou e me deu todo o aparato para estar aqui - disse o lutador, após garantir a vaga na seletiva do último dia 17. 
Além dos 23 naturalizados, o Time Brasil conta ainda com um trio que fez o caminho inverso: apenas nasceram no Brasil, moraram a vida inteira no exterior, mas optou por defender a pátria mãe. No hóquei, o defensor Stephane Vehrle-Smith nasceu em Recife, mas foi adotado por um casal estrangeiro e cresceu na Inglaterra. Já no rugby, os irmãos Daniel e Felipe Sancery nasceram em Campinas e foram criados na França.

Seja por naturalização ou por opção, o Brasil chega ao Rio 2016 cheio de sotaque.
FONTE:G1/OLÍMPIADA RIO 2016

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