quarta-feira, 31 de maio de 2017

Na torcida pela Juve, Emerson lembra que clube queria Cristiano Ronaldo em 2007

Campeão por onde passou, Emerson construiu uma carreira vitoriosa na seleção brasileira e no futebol europeu. Durante a decisão da Liga dos Campeões, ele será um dos poucos jogadores do mundo que poderá dizer que passou pelos dois postulantes ao título. No Real Madrid, fez parte do fim da era dos "galácticos", com Ronaldo, Beckham, Roberto Carlos, Van Nistelrooy, entre outros. Na Juventus, atuou em um dos melhores times da história do clube, com Buffon, Cannavaro, Nedved e Trezeguet.

Com taças nacionais, mas sem conquistar a "Orelhuda", o ex-volante afirma que já escolheu um lado na decisão do próximo sábado. O GloboEsporte.com e a TV Globo transmitem Juventus x Real Madrid ao vivo às 15h45 (de Brasília), com pré-jogo no site a partir das 13h.

- Eu vou torcer para a Juventus por um motivo: eu acho que eles merecem por tudo que vêm fazendo. Não é só nessa Champions League, mas sim de tudo nos últimos meses. Acho que a Juventus chega forte, com muita confiança, diferente de outros momentos. Mas não vai ser fácil. Esse time do Real Madrid é complicado. (...) O torcedor precisa disso. É uma coisa que eu lembro que, quando cheguei lá era o objetivo principal. E nosso melhor momento de chegar numa Champions League com chance de vencer talvez tenha sido bem aquele, que deu todo aquele problema (do rebaixamento) - afirmou Emerson.

Juventus de 2005/06 tinha grandes nomes do futebol, como Buffon, Cannavaro, Nedved e o jovem Ibrahimovic, com 24 anos (Foto: GloboEsporte.com)

O "problema" a que Emerson se refere foi o rebaixamento da Juventus ao fim da temporada 2005/06. Mesmo tendo ficado em primeiro lugar no Campeonato Italiano, o clube acabou disputando a segunda divisão no ano seguinte por envolvimento no escândalo de manipulação de resultados conhecido como "Calciopoli".

Na época, a Velha Senhora vivia uma época de ouro e, segundo o ex-volante, sonhava com um time forte para disputar a Liga dos Campeões do ano seguinte. Até mesmo Cristiano Ronaldo, hoje um craque e um dos maiores jogadores da história do Real Madrid, estava nos planos de Fabio Capello, treinador da Juve na época.

- O Capello conversou comigo e a contratação principal que a gente queria era o Cristiano Ronaldo para 2007. E aí deu todo esse problema. Ele estava construindo a equipe, foram dois anos de construção e estávamos com uma equipe fantástica, muito forte e a gente queria atingir uma equipe a nível de Champions League. E seria o próximo ano. Estava tudo programado e aquilo (o rebaixamento) quebrou as pernas da Juventus. Seriam mais duas ou três contratações de alto nível. O Capello comentou: “Estou de olho no Cristiano Ronaldo. O pessoal está falando e eu gosto muito dele”. O Capello já queria, mas acabou não dando certo... - lembrou.

Emerson defendeu o Real Madrid na temporada 2006/07 e foi campeão espanhol (Foto: AP)

Aliás, Capello foi o principal responsável pelas idas de Emerson tanto para a Juventus, quanto para o Real Madrid. Em 2004, foi o treinador quem pediu a contratação do volante, então destaque da Roma. Após os dois anos de sucesso, o jogador entrou na lista de transferências por conta da crise vivida com o rebaixamento.

Com a necessidade de diminuir o custo do elenco para a Série B, alguns medalhões precisaram sair. O técnico, por exemplo, foi para o Real e acabou levando Emerson e Cannavaro consigo. Porém, se dependesse do próprio jogador, isso não teria acontecido.

- Eu fiquei dois anos lá e só saí pela situação, que foi o rebaixamento. A Juventus precisava vender alguns jogadores e eu lembro que o presidente falou: “Se chegarem algumas propostas, independentemente de quem for, nós vamos aceitar”. Eles não tinham como manter o time, uma folha muito alta para jogar a segunda divisão. Foi quando teve a proposta do Real, também em função do Capello, que saiu e levou também o Cannavaro, que estava naquele time. Ibrahimovic, Vieira (foram para a Inter de Milão), muitos jogadores saíram daquele time muito forte. Mas, senão, eu tinha cinco anos de contrato e estava muito feliz lá. Ficaria, mesmo para jogar a segunda divisão - disse.

No Real de 2006/07, Ronaldo pouco jogou, mas o elenco forte acabou conquistando o Campeonato Espanhol (Foto: GloboEsporte.com)

No Real Madrid, em um time recheado de craques, Emerson não teve tanto sucesso quanto na Itália. A equipe sofreu com lesões - como a de Ronaldo, que pouco jogou em 2006/07 - e o volante foi bastante criticado na temporada mesmo com a conquista do Espanhol, acabando com a sequência de dois títulos do Barcelona. Segundo o brasileiro, o estilo de jogo de Capello, mais voltado para a defesa, não encantava a exigente torcida madrilenha, diferente do pensamento italiano.

- É muita responsabilidade, de jogar no Santiago Bernabéu para mais de 60 mil pessoas todo jogo. E aí não basta ganhar o jogo, tem que ganhar de quatro, cinco. E nossa equipe não tinha esse tipo de filosofia. O Capello sempre foi um cara que pensou muito em defender primeiro. E o Real precisava ganhar o Espanhol porque o Barcelona, do Ronaldinho, atropelava todo mundo. E deu certo porque ganhou. Mas não ganhou jogando um futebol espetacular porque não era o estilo. E o pessoal não quer isso. É bem diferente da Itália, que se pensa mais na tática - explicou.

Assim como em sua época, Emerson vê reflexos da história de cada clube no que eles são ainda hoje. O próprio Real Madrid, campeão espanhol e na decisão da Liga dos Campeões, sofreu com críticas por não brilhar em certo momentos. Segundo o ex-jogador, a filosofia da Juventus de gastar pouco e apenas em posições carentes tem dado resultado, como no caso de Daniel Alves. Apesar do "excesso" na contratação de Higuaín por € 90 milhões no ano passado, ele vê a Velha Senhora melhor no conjunto, enquanto os merengues ficam mais dependentes do talento individual de seus craques.

- A Juventus acaba gastando em posições específicas. Eu, pessoalmente, não achava uma boa ideia, pelo valor, a contratação do Higuaín. Eu sabia da qualidade dele, mas acho que teriam outros atacantes que a Juventus poderia investir por esse valor. É um clube que estuda muito o mercado, pega jogadores – até de alto nível – como casos do Tevez e Ibrahimovic, pagando pouco ou em final de contrato, onde o jogador recebe uma bolada, mas o clube nem tanto. O Daniel Alves é um outro exemplo. O Higuaín eu achei exagerado, mas ele encaixou. Mas encaixou porque o conjunto que é forte. Não que o Real Madrid não seja um conjunto forte. Ali na frente, o Cristiano Ronaldo se olhar para o céu, cai um avião (risos). É impressionante o que ele está fazendo de gol. O Benzema, mesmo não aparecendo tanto, para mim é importante. Vem a individualidade. Na Juventus é o conjunto. Não vai decidir o Higuaín sozinho. Vai ser sempre numa jogada trabalhada, com Daniel Alves, com Dybala, uma equipe que o conjunto é forte - analisou.

Emerson no timaço da Juventus, com nomes como Nedved, Del Piero, Cannavaro, Ibrahimovic e Buffon (Foto: Getty Images)

Mesmo com o equilíbrio entre Real Madrid e Juventus, Emerson não fugiu de dar um palpite para a decisão. Na torcida pela Velha Senhora, ele acredita que os espanhóis vão marcar ao menos um gol, o que aconteceu em todos os jogos da temporada até aqui. Assim, ele crê no talento de Dybala para resolver a partida em favor dos italianos.

- O Real vai fazer gol, mas a Juventus também defende bem. Acho que 2 a 1 para a Juventus. Sergio Ramos pode fazer mais um golzinho, né? Gosta de fazer em final. Torço pelo Casemiro também, foi um cara que saiu do Brasil e ninguém achava que poderia chegar. E até por ter jogado naquela posição, gosto de ver ele jogar, o entendimento dele. Tomara que possa dar um equilíbrio, mas que a Juventus ganhe. Não sou muito de torcer por argentino, mas acho que o Dybala decide, gosto de ver ele jogar. O menino está muito bem.

FONTE:G1/FUTEBOL INTERNACIONAL

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