O Ministério Público estadual informa que todas as vans que circulam pela Zona Oeste do Rio pagam taxas a milicianos. O RJTV percorreu a região, principalmente, nos bairros de Santa Cruz e Campo Grande. Observou transportes superlotados, com placas mal pintadas em que os motoristas desses veículos fazem a regra: os motoristas fazem o que querem e trafegam por onde querem. Sem controle ou fiscalização.
Por um mês, equipes do RJTV percorreu a Zona Oeste do Rio e encontrou problemas nos transportes da região. A reportagem flagrou uma farra praticada por motoristas de vans. Os veículos circulam sem pintura, com placas de outros estados e até pintadas de vermelho. Muitas delas ficam estacionadas ao lado da rodoviária dos ônibus, numa rodoviária clandestina de vans.
Um homem é flagrado com um caderno na mão fazendo o controle dos veículos. Nas ruas do bairro, vans piratas se misturam com as que parecem legalizadas. Em Santa Cruz, um policial militar, com um apito e dois rádios, sozinho, parece comandar o trânsito para as vans. Uma kombi, estacionada, diante do policial foge aos padrões da legalidade. O estado de conservação do veículo não inibe as pessoas.
"As informações que nós temos hoje, começando por Santa Cruz, é que todo transporte alternativo, estando ele, regulamentado ou ainda não regulamentado, esta sob controle dos grupos de milicianos", diz o promotor Luiz Antônio Ayres, do Ministério Público estadual.
O promotor vai mais longe. Acredita que 100% dos veículos estão nesta situação. De acordo com a reportagem do RJTV, a milícia cobra entre R$ 350 e R$ 850 de taxas dos motoristas de vans. Ele calcula que, mensalmente, os milicianos lucrem algo em torno de R$ 27 milhões mensais com o transporte alternativo em Campo Grande e Santa Cruz.
"É a informação que nós temos é que, mesmo quem está legalizado, continua pagando taxa para poder circular com suas vans aqui em Santa Cruz", conta o promotor.
Em diferentes pontos há sempre um grupo que parece vigiar esse tipo de transporte. Com cadernos em mãos ficam dando ordens para as vans que encostam.
"Quando o clandestino percebe a ausência do poder público, ele se expande, né?! E isso, infelizmente, é o que está acontecendo quando há ausência, missão ou política envolvida dentro da questão técnica. No que diz respeito ao poder público, as vans voltaram. A gente voltou uns 5, 7 anos, de todo trabalho que foi feito pela secretaria. Tudo isso a gente perdeu. E aí não perde só o serviço de transporte concedido. Perde também o serviço de transporte complementar concedido. Aquele dono de van que participou de licitação, conseguiu uma habilitação, comprou uma van, provavelmente está pagando a prestação e está trabalhando sob o manto de ilegalidade. Na Zona Oeste é o dia inteiro. Tem rodoviárias clandestinas e tem rodoviárias oficiais. As rodoviárias que a gente operava agora são operadas pelas vans", conta Cláudio Callak, presidente da Rio Ônibus.

Fora de rota
A reportagem do RJTV descobriu ainda que há vans legalizadas, monitoradas por satélite, que não respeitam o trajeto definido pela Prefeitura do Rio. Para aumentar o lucro, elas circulam bem distantes do trajeto definido pela prefeitura. O RJTV teve acesso a um mapa que mostra onde os veículos deveriam circular e onde eles realmente vão.
Uma van fazia o trajeto Santa Cruz - Pingo d'água e circulava pelo Recreio dos Bandeirantes.
Ampliar o itinerário virou regra para alguns permissionários. Uma van autorizada para atuar na linha Maré - Bonsucesso começou, ilegalmente, na Abolição e foi até a Ilha do Governador. Outra tem como linha oficial, Engenho da Rainha - Inhaúma, mas o motorista foi do Engenho de Dentro até Olaria.
Olhando, caso a caso, se observa que um dos veículos que deveria circular por Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, chega a sair do Rio, atravessar a ponte Rio-Niterói e ir aos municípios de Maricá, Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
O delegado Cláudio Ferraz, que coordena a Coordenadoria de Transportes Complementar, responsável por fiscalizar as vans está de férias.
O secretário de Transportes do Rio, Rubens Teixeira, não respondeu à reportagem. Informou apenas que a responsabilidade de fiscalização é da coordenadoria dirigida por Cláudio Ferraz.
"Eu careço de ser atendido pela autoridade pública municipal máxima, pelo chefe da cidade, pelo meu patrão e até hoje em um ano eu fui atendido uma vez. Com a secretaria de transportes de todos os projetos que apresentamos ao longo de um ano não conseguimos levar nenhum à frente. Nem para bem e nem para mal. O novo secretário está há um mês e meio, mas para gente um mês e meio está valendo um ano em que nada foi feito. Então, temos a expectativa de que reabra o diálogo na secretaria de transportes. Monte ou resgate, minimamente, uma equipe técnica", avalia Callak que conclui.
"Caótica", essa é para Cláudio Callak a situação das vans na cidade do Rio.
FONTE:G1/RJ
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