Criminosos invadiram e incendiaram na madrugada deste sábado (26) uma estação da Companhia de Água e Esgoto do Ceará, distribuidora de água no estado, em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. Dois suspeitos foram detidos e outros três fugiram, de acordo com a Polícia Militar. Em Baturité, um bando incendiou um creche; duas salas tiveram móveis destruídos. Os crimes ocorreram no 25º dia seguido de ataques coordenados por facções criminosas.
O bando derrubou o muro da estação usando marretas, destruiu objetos no interior do local e depois incendiou parte do prédio. O Corpo de Bombeiros controlou as chamas cerca de meia depois.
Desde o início das ações criminosas, ocorreram 257 ataques contra ônibus, carros, prédios públicos, prefeituras e comércios em 50 dos 184 municípios cearenses. Os crimes começaram em Fortaleza e se espalharam para a Região Metropolitana e diversas cidades do interior. A Secretaria da Segurança Pública do Ceará confirmou que 430 pessoas já foram detidas por envolvimento nas ações criminosas.
Duas salas tiveram móveis destruídos em ataque no Ceará — Foto: Arquivo pessoal
Os ataques no Ceará começaram após uma declaração do secretário Mauro Albuquerque de que “não reconhece facções” no estado. Áudios compartilhados entre membros de facções do Ceará revelaram que as ordens para as ações criminosas partiram de presidiários. Em um dos áudios, um detento diz que a sequência de crimes é uma tentativa de fazer com que o secretário desista de medidas que tornaram mais rigorosa a fiscalização no sistema penitenciário.
Na madrugada desta sexta, homem foi preso e um adolescente foi apreendido no Residencial Maracanaú, próximo ao local do ataque à estação da Cagece. O adolescente chegou a subir em um telhado para fugir da polícia, mas foi capturado. Também foi encontrado com os suspeitos garrafas com gasolina.
Ainda segundo os policiais, o adolescente confessou para a polícia que o grupo pretendia atacar uma torre de telefonia durante a madrugada. O homem foi preso na Delegacia Metropolitana de Maracanaú.
Reforço
Ceará sofre onda de ataques desde 2 de janeiro — Foto: João Pedro Ribeiro
Desde a última terça-feira (22), agentes da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária desembarcaram no Ceará para atuar dentro dos presídios, quantitativo que deve aumentar, conforme Mauro Albuquerque.
“Estou esperando mais um reforço do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). Espero que eles mandem, porque essa é a hora para a gente conseguir fazer isso mais rápido”, afirmou.
Albuquerque também destacou a necessidade de a população “ficar tranquila” e contribuir com o trabalho das forças de segurança, sobretudo após ser sancionada a “Lei da Recompensa”.
“Nosso maior apoio está na população, ela é a maior vítima, mas o maior aliado. Todos eles sabem onde tem um foragido, uma boca de fumo, então denuncie. Denuncie. É totalmente seguro, porque a gente vai lá buscar e vai cuidar dentro do sistema penitenciário", disse
"Não fique refém da bandidagem, é esse o momento que as pessoas de bem têm que virar esse jogo. É dever da Segurança e responsabilidade de todos. Se todo mundo que sabe denunciar, a gente consegue limpar essa cidade rapidinho”, completou.
As denúncias, com sigilo garantido, podem ser realizadas por meio do 181, o Disque Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS).
Entenda o que está acontecendo no Ceará
Ceará já conta 252 ações criminosas desde 2 de janeiro — Foto: Arte/ G1
O governo criou a secretaria de Administração Penitenciária e iniciou uma série de ações para combater o crime dentro dos presídios. O novo secretário, Mauro Albuquerque, coordenou a apreensão de celulares, drogas e armas em celas. Também disse que não reconhecia facções e que o estado iria parar de dividir presos conforme a filiação a grupos criminosos.
Criminosos começaram a atacar ônibus e prédios públicos e privados. As ações começaram na Região Metropolitana e se espalharam pelo interior.
O governo pediu apoio da Força Nacional. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o envio de tropas; 406 agentes da Força Nacional reforçam a segurança no estado.
A população de Fortaleza e da Região Metropolitana sofre com interrupções no transporte público, com a falta de coleta de lixo e com o fechamento do comércio.
A onda de violência afastou turistas e fez a ocupação hoteleira no estado cair.
35 membros de facções criminosas foram transferidos do Ceará para presídios federais desde o início dos ataques, segundo o último balanço do Ministério da Justiça.
Agentes penitenciários apreenderam 2,3 mil celulares nos presídios cearenses durante os ataques.
Fonte:G1/CE
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